Autor: Maike Ferreira
#1 – Crédito infinito no fliperama e mais confusão
Em um dia você tem 15 anos e de repente 40 – me recordo dos tempos dourados da época do fliperama que ficava perto de casa e de algumas confusões que aconteceram naquele local inusitado. Me lembro de estarmos no Bar do seu Tonho (in memoriam). Era o ponto de encontro da garotada do bairro, e as máquinas ficavam ao lado. Em dia fatídico da década de noventa tenho a lembrança da indignação do Alan, Márcio, as batidas no ficheiro na máquina do KOF 94 e a cada batida um novo crédito.
Naquele dia tão pitoresco apareceu um compromisso no qual tive de sair dali e quando retornei à noite lá estava o Diego agarrado no jogo. Chego ao local, faço os cumprimentos básicos e, não muito obstante, vem a proposta tentadora do amigo: – Desafia aí. – Mas como? Não tenho dinheiro. – Sem problemas, saca só isso aqui. Lá vem a batida no ficheiro e mais um crédito. Arregalo os olhos, fico estupefato e aquele sorriso sacana de canto na boca aparece.
Depois de duas partidas perdidas saio da máquina para não chamar tanta atenção, ainda restam oito créditos. Diego tira uma camiseta branca na época em que jogava basquete pela Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB) e coloca sobre a tela do jogo para não aparecer o restante dos oito créditos.
Alguns minutos se passam, depois aparece Israel, filho mais novo do dono daquele boteco, desconfiado, retira a camiseta e vê aquele número brilhante na tela. Após a breve jogatina a confusão está armada. Só me lembro do irmão mais velho do Israel me perguntando com os olhos avermelhados, podre de bêbado: – Cadê aquele teu amigo de brinquinho?
Eu, como todo bom amigo, falei que não sabia em que lugar ele estava – agora, imaginem vocês a situação: um cara com quase dois metros de altura, cabelo raspado, o único a usar brinco dentre todos os garotos da região tentando se esconder na beirada de uma porta. Ainda ali no meio daquele círculo de questionamentos, o garoto novo, Éder, que acabara de chegar, dedura o amigo protegido.
Soltando a voz e apontando o dedo, dizendo: – Oh, não é aquele ali não? Corram para as colinas porque a casa caiu. Diego é finalmente interpelado. Algumas palavras, xingamentos são trocados. Saímos todos da lá, vamos parar na esquina mais próxima, e quando chegamos ao local ainda rindo do ocorrido, questiono Éder o porquê ter feito aquilo e ele bem inocente responde: – Eu não sabia cara. Acabamos dando um desconto a ele pois tinha recém chegado na vizinhança.
Por fim, espero que tenham gostado desta história. São algumas das poucas confusões que me lembro em detalhes e pude trazer a vocês.