Roberto Lucrezia

Charles Bronson no Mortal Kombat 2

Charles Bronson

Se você conheceu o jogo Mortal Kombat 2 à época e também o ator de filmes de faroeste Charles Bronson, deve estar se perguntando: seria este um personagem secreto estilo pistoleiro do velho oeste americano? Quando comprei meu Mega Drive, acompanhava um cartucho de Mortal Kombat 2 pirata. Jogava muito, muito mesmo. Joguei tanto que até hoje sei de cabeça muitos dos golpes, especiais e fatais.

Mortal Kombat 2 “paralelo” de Mega Drive

E onde está Charles Bronson?

Bom, certo dia ao chegar do trabalho no final do dia, meu pai participou da jogatina comigo e meu irmão – foi muito divertido. Já na seleção de lutadores falamos pra ele escolher qualquer um pra lutar e ele solta essa: “Eu vou com o Charles Bronson”. Eu conhecia bem este ator que era muito famoso por seus filmes de bang-bang… rachei o bico jogando com meu pai. Charles Bronson para ele era ninguém menos que Shang Tsung. Sim, qualquer semelhança é mera coincidência na cabeça do meu pai. Hehehe.

A estratégia dele foi boa pra quem nunca jogou, esmagando os botões e direcional como um louco e quando acertava algum golpe, nos dava cotoveladas tirando aquele sarro e rindo muito… Acabou ganhando alguns rounds até que ganhou uma partida do meu irmão.

Depois dessa jogatina com meu pai , Shang Tsung sempre me lembrará o ator Charles Bronson.

Odisseia do Mega Drive

Acho que grande parte de quem coleciona games e teve a experiência de ter algum console entre os anos 80 e 90, sabe que, para ter um novo vídeo game você precisava vender o anterior e assim por diante, pois não era nada barato comprar um vídeo game novo.

Com certo peso na consciência em se desfazer de um console que lhe deu tantas horas de diversão, tudo acabava valendo a pena para estar com um hardware mais atual.

No meu caso, algumas compras ou negociações não me marcaram tanto. Compra em loja (Master System) ou de um console usado de um primo (Super Nintendo), mas nenhum deles me marcou tanto como a compra de um Mega Drive.

Na época eu tinha um Master System 3 Compact com Alex Kidd na memória que foi adquirido em uma loja da cidade (Hipermercado Vitória, que fechou).

Este Master System foi vendido para uma tia. E com o dinheiro na mão comecei uma caçada ao Mega Drive usado, pois novo na loja não teríamos como alcançar o valor.

Vasculhando os classificados dos jornais locais encontrei um Mega Drive com 1 cartucho e 2 controles. Não me recordo do preço, mas lembro exatamente do endereço, que é caminho entre a cidade vizinha, então cada vez que vou até lá passo por essa rua e sempre lembro do Mega Drive e da odisseia até pegá-lo.

Na época tínhamos apenas bicicleta e lá fomos nós, minha mãe com meu irmão na garupa em uma bicicleta e eu em outra. Hoje com o Google Maps pude calcular a distância, foram 14,4 Km percorridos aproximadamente 1 hora de pedalada considerando ida e volta.

Chegando lá a mãe do garoto que estava vendendo o Mega prontamente nos ofereceu água, percebendo que estávamos bem cansados. Depois de recuperar o fôlego fui ver o console, o cartucho era do Mortal Kombat 2 que apesar de paralelo rendeu muitas e muitas horas de jogatina. O Mega Drive era da versão 2 da TecToy, e estava muito bem cuidado.

Depois de fechado o negócio voltamos pra casa, e eu feliz da vida ansioso pra chegar em casa e jogar.

Esse Mega Drive foi muito bem aproveitado, e a venda dele foi uma das mais difíceis pra mim, afinal para chegar até ele praticamente atravessamos a cidade, uma verdadeira odisseia em família.

Quando iniciei minha modesta coleção, o primeiro console retro a ser adquirido teve que ser o Mega Drive, desta vez uma versão japonesa, e o considero um dos meus itens mais importantes por esta memória maravilhosa.

Meu primeiro Dactar que não era meu?

Lá pelos anos 80, provavelmente entre 86 e 88, ao receber meu pai chegando do trabalho como sempre, sou surpreendido ao ver ele tirar de dentro de sua jaqueta de couro (possuía moto na época) um vídeo game. Ele volta e meia trazia alguma coisa bacana nessa jaqueta, parecia uma cartola, pois até um papagaio saiu dela. Eu mal entendia que era um clone de Atari, um Dactar. Com ele um joystick e o cartucho Q*bert.

Jogamos praticamente a noite inteira e madrugada a dentro apesar de apenas 1 jogo, ambos fomos aprendendo a mecânica do jogo na raça e que apesar de sua simplicidade foi um momento único que guardo muito bem na memória até hoje. Fui dormir feliz da vida afinal já no primeiro dia jogamos muito, e mal podia esperar para o dia seguinte.
Ao acordar pela manhã não encontro mais o console instalado na TV e pergunto para minha mãe, cadê o meu vídeo game?

Resposta dela: “Seu pai pegou emprestado com um amigo de trabalho, e teve que devolver.”

Enfim, tive um Dactar por uma noite apenas, não me recordo se demorou muito mais para ele comprar, mas pra mim foi uma eternidade. O Dactar de uma noite marcou muito mais a minha infância do que o posterior, talvez por aquele momento único jogando com meu pai, fato que só se repetiu quando conseguimos comprar um Mega Drive, mas isso fica para uma outra história.